MInha guitarra é fêmea.
"Senhoras e senhores, membros da comunidade científica, tenho a declarar que fiz uma descoberta importantissíma: minha guitarra é fêmea"
Eis que a platéia observou a tudo estupefata, enquanto Dr. Ferguson explicava seus motivos com o indicador direito apontado para seu zênite, mas de forma involuntária. É óbvio que ninguém deu ouvidos a ele, que retornou àquele palanque tempos depois dizendo que daria a volta ao mundo num balão.
O que Júlio Verne esqueceu de mencionar, era um fato extremamente sagaz, que só uma mente poderosa como a do Dr. Ferguson seria capaz de descobrir. É claro que algumas delas são fêmeas. A minha é, e não só pelo artigo que venho através deste dizer a todos que corroboro com o nosso fictício amigo. Atesto isso, e o faria num gueto se tivesse um por aqui, pois minhas observações empíricas mostram resultados claros. As mulheres e as guitarras se comportam da mesma forma em relação à mim, meus atos surtem efeitos similaríssimos em relação à ambas, e por fim, minha posição em relação às duas é igual.
Minha guitarra é ciumenta. Minha guitarra é intempestiva, há horas onde deve-se ser bruto, ou o som será comprometido; ao passo que deve-se sempre se ser carinhoso, já que ela precisa de jeito pra ser feliz. Ela me faz feliz (a guitarra), mas tem dia que sinto que ela está de mau humor, e custe o que custar, ela não emite nada melhor que um coelho de birmânia tocando basset-horn (ouvi falar que 10% deles carregam armas de destruição em massa)(...os coelhos). Ela me faz de bobo. Há dias em que penso nela na hora de acordar, na hora de dormir, na hora de acordar de novo pois a aula acabou, durante o dia, e finalmente, na hora H, tudo é bem sem sal... e eu lá, que nem um idiota, me esforçando pra fazer tudo sair certo. Ah sim, claro! A guitarra é um ser inanimado, e isso significa que todo e qualquer problema envolvido terá a culpa jogada sobre mim. Sim, a culpa é sempre minha. "Mas eu sou o culpado de o potenciômetro não estar dissipando o sinal da maneira certa?" "sim" "mas eu sequer vi o maldito potenciômetro!" "é completamente diferente". Já mencionei que ela é ciumenta? Mil perdões, queria reforçar essa. Certa vez, resolvi tocar piano, e passei aquela semana transpondo um flamenco bem bobo que vive a me atormentar. Quando voltei pra guitarra, nada saía. Nada. Só faltou estourar a corda. E é claro, se alguém tocasse nela por 12 horas e fizesse algo fantástico, eu jamais poderia ficar com ciume. Ciúme? que coisa feia! Todos sabem que a culpa é sua, que não estava lá dando atenção a ela na hora certa. Ouvi dizer que você foi grosso, gritou e jogou os livros na mesa, e ela tá puta contigo agora.
Nessa hora, você se pergunta: "oh tristeza enorme, ao ver criatura disforme, pousado defronte à figura de hipólita sob seus portais! Esquece a guitarra e não toca nunca mais!" assim mesmo, em verso e tudo. Mas não se precipite amiguinho, lembre-se dos coelhos de birmânia (ouvi falar que 33% deles chegam ao sétimo chacra). Eu amo tocar guitarra, é mais forte que eu. Estou sinceramente disposto a aguentar todos os infortúnios supracitados e deformados. É como quando você sabe que vai fazer algo errado, aí você olha pro seu ombro direito e vê o famigerado diabinho dizendo "faaaaça!" de forma grangrejada; até que você, mais sedento por uma segunda opinião que o meu pai ao ouvir que tem que parar de beber, olha para o ombro esquerdo e vê... outro diabinho! Aí não tem remédio que cure, o jeito é jogar a bandeira do Brasil em cima e dizer que é pela pátria. Realmente não estou disposto a desistir da coisa. O problema é não poder exercer a minha não-desistência. E vocês devem saber que duas negativas numa frase é sinônimo de merda no ventilador. Eu adoraria ser um grandesíssimo músico, mas a cada dia que passa chego à conclusão que eu não tenho talento. Eu sei a teoria toda, meus amigos (que são bobos que nem eu) até acham que eu sei muito, como uma mãe que diz ao filho o quanto ele é bonito. Me lembro do dia em que estava substituindo uns arpejos (que envolve uma pá de intervalos), e o professor disse: "deixa esse último pra outra hora, é muito difícil". Eu, como um bom cara com idade mental igual a 12 anos, resolvi fazer. Consegui, e após o professor ter conferido, ele disse: "é cara, você tá sacando de intervalos!". Fiquei muito feliz. Como uma criança que consegue pegar a primeira onda, e chega suavemente à praia pronto para cumprimentar o irmão que assistiu aquilo tudo de perto. Eis que eu ouço o complemento "só tem que treinar essa técnica, desde o início". Nessa hora, o irmão que assistia dá um tapa na testa do surfista, fazendo com que ele caia e destruindo toda a ternura. Sim, crianças podem ser cruéis, assim como professores, os coelhos de birmânia e o todo resto (ouvi falar que 12,5% deles estão possuídos pelo capeta). Eu posso até saber muito, dar uns conselhos que fazem os meus amigos se darem bem, mas quando é comigo, falta técnica, prática e segurança pra dar show. E confie em mim, dizer que tem medo de palco não ajuda. Fica aqui o protesto final.
O jeito é tentar e tentar, pra quem sabe assim resolver o paradoxo do candidato inexperiente, ou morrer tentando. Por sorte ainda tenho a Física.
"yo tengo miedo!"
Eis que a platéia observou a tudo estupefata, enquanto Dr. Ferguson explicava seus motivos com o indicador direito apontado para seu zênite, mas de forma involuntária. É óbvio que ninguém deu ouvidos a ele, que retornou àquele palanque tempos depois dizendo que daria a volta ao mundo num balão.
O que Júlio Verne esqueceu de mencionar, era um fato extremamente sagaz, que só uma mente poderosa como a do Dr. Ferguson seria capaz de descobrir. É claro que algumas delas são fêmeas. A minha é, e não só pelo artigo que venho através deste dizer a todos que corroboro com o nosso fictício amigo. Atesto isso, e o faria num gueto se tivesse um por aqui, pois minhas observações empíricas mostram resultados claros. As mulheres e as guitarras se comportam da mesma forma em relação à mim, meus atos surtem efeitos similaríssimos em relação à ambas, e por fim, minha posição em relação às duas é igual.
Minha guitarra é ciumenta. Minha guitarra é intempestiva, há horas onde deve-se ser bruto, ou o som será comprometido; ao passo que deve-se sempre se ser carinhoso, já que ela precisa de jeito pra ser feliz. Ela me faz feliz (a guitarra), mas tem dia que sinto que ela está de mau humor, e custe o que custar, ela não emite nada melhor que um coelho de birmânia tocando basset-horn (ouvi falar que 10% deles carregam armas de destruição em massa)(...os coelhos). Ela me faz de bobo. Há dias em que penso nela na hora de acordar, na hora de dormir, na hora de acordar de novo pois a aula acabou, durante o dia, e finalmente, na hora H, tudo é bem sem sal... e eu lá, que nem um idiota, me esforçando pra fazer tudo sair certo. Ah sim, claro! A guitarra é um ser inanimado, e isso significa que todo e qualquer problema envolvido terá a culpa jogada sobre mim. Sim, a culpa é sempre minha. "Mas eu sou o culpado de o potenciômetro não estar dissipando o sinal da maneira certa?" "sim" "mas eu sequer vi o maldito potenciômetro!" "é completamente diferente". Já mencionei que ela é ciumenta? Mil perdões, queria reforçar essa. Certa vez, resolvi tocar piano, e passei aquela semana transpondo um flamenco bem bobo que vive a me atormentar. Quando voltei pra guitarra, nada saía. Nada. Só faltou estourar a corda. E é claro, se alguém tocasse nela por 12 horas e fizesse algo fantástico, eu jamais poderia ficar com ciume. Ciúme? que coisa feia! Todos sabem que a culpa é sua, que não estava lá dando atenção a ela na hora certa. Ouvi dizer que você foi grosso, gritou e jogou os livros na mesa, e ela tá puta contigo agora.
Nessa hora, você se pergunta: "oh tristeza enorme, ao ver criatura disforme, pousado defronte à figura de hipólita sob seus portais! Esquece a guitarra e não toca nunca mais!" assim mesmo, em verso e tudo. Mas não se precipite amiguinho, lembre-se dos coelhos de birmânia (ouvi falar que 33% deles chegam ao sétimo chacra). Eu amo tocar guitarra, é mais forte que eu. Estou sinceramente disposto a aguentar todos os infortúnios supracitados e deformados. É como quando você sabe que vai fazer algo errado, aí você olha pro seu ombro direito e vê o famigerado diabinho dizendo "faaaaça!" de forma grangrejada; até que você, mais sedento por uma segunda opinião que o meu pai ao ouvir que tem que parar de beber, olha para o ombro esquerdo e vê... outro diabinho! Aí não tem remédio que cure, o jeito é jogar a bandeira do Brasil em cima e dizer que é pela pátria. Realmente não estou disposto a desistir da coisa. O problema é não poder exercer a minha não-desistência. E vocês devem saber que duas negativas numa frase é sinônimo de merda no ventilador. Eu adoraria ser um grandesíssimo músico, mas a cada dia que passa chego à conclusão que eu não tenho talento. Eu sei a teoria toda, meus amigos (que são bobos que nem eu) até acham que eu sei muito, como uma mãe que diz ao filho o quanto ele é bonito. Me lembro do dia em que estava substituindo uns arpejos (que envolve uma pá de intervalos), e o professor disse: "deixa esse último pra outra hora, é muito difícil". Eu, como um bom cara com idade mental igual a 12 anos, resolvi fazer. Consegui, e após o professor ter conferido, ele disse: "é cara, você tá sacando de intervalos!". Fiquei muito feliz. Como uma criança que consegue pegar a primeira onda, e chega suavemente à praia pronto para cumprimentar o irmão que assistiu aquilo tudo de perto. Eis que eu ouço o complemento "só tem que treinar essa técnica, desde o início". Nessa hora, o irmão que assistia dá um tapa na testa do surfista, fazendo com que ele caia e destruindo toda a ternura. Sim, crianças podem ser cruéis, assim como professores, os coelhos de birmânia e o todo resto (ouvi falar que 12,5% deles estão possuídos pelo capeta). Eu posso até saber muito, dar uns conselhos que fazem os meus amigos se darem bem, mas quando é comigo, falta técnica, prática e segurança pra dar show. E confie em mim, dizer que tem medo de palco não ajuda. Fica aqui o protesto final.
O jeito é tentar e tentar, pra quem sabe assim resolver o paradoxo do candidato inexperiente, ou morrer tentando. Por sorte ainda tenho a Física.
"yo tengo miedo!"
4 Comments:
Tem uma parte que lembra um pouco?!
eu não poderia dizer que é tudo?
ou seria muita pretensão?
Amei. Amei. Os coelhos são realmente O máximo!
ahueaheuheau!
me matei de rir! e com o resto todo, como sempre...
:*
Meu violão é lésbico então. E a física vai consolar você. Tem algum post de física por aqui?
Olá!
Faz tempo que não entro aqui..
eu tbm não tenho atualizado mto o meu blog, esse é um dos motivos do meu sumiço! hehe Mas como eu ainda estou de férias.. apareci aqui.
Gostei mto do texto..e todas as emoções que vc experimentou nesse texto eu sei como é! haeiuhiuae
e isso é engraçado..dá pra sentir tudo de novo.. estranho..
é engraçado como as vezes a gente pensa em desistir de tudo, e mesmo com todas as condições adversas.. a gente continua. Apenas por gostar, por estar fazendo algo que gosta..E eu realmente nao acho que devemos desistir dessas coisas.. ela pode nao ser o seu dom principal, mas q vc é bom é sim!
E eu vejo isso, todos os dias :D
pode não ser o suficiente pra vc, pq nunca estamos satisfeitos, mas aqui quem diz eh a sua boboka e vc deev encara-lo como um elogio.
bjo!
Quero créditos quanto a parte do garoto que surfava! Espere um segundo, oq estou dizendo?!!
NUNCA MAIS TOQUE NESSE ASSUNTO, OUVIU?!!
E quanto a sua guitarra, não ligue pra ela... vc tb tem dias que esta de mau humor! Seja paciente!
Quer uma dica que me deram uma vez? na hora de tocar, não toque devagar (inicialmente) e vá acrescendo a velocidade, toque rápido como se vc soubesse oque esta fazendo! Assim, quem ver vai achar q vc é o foda, e depois d um tempo vc acerta!
Funcionou comigo... Qualquer reclamação, sugestão, ou crítica, entre em contato com nosso serviço SAC (Santo Antônio é o Caralho, meu nome é Zé Pequeno, porra!!): chuck.norris.father@gmail.com
Abraço.
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